Cinema para aprendizado - Juliana Sada
O uso de filmes ficcionais e documentários em sala de aula pode ser uma ótima ferramenta pedagógica para apoiar o aprendizado dos estudantes. Por meio de uma linguagem audiovisual, muitas vezes mais atrativa às crianças e adolescentes, os filmes permitem novas abordagens e olhares sobre os conteúdos curriculares.
No entanto, ao contrário do que possa parecer, o uso didático de filmes demanda grande presença e preparação dos professores. Para a pesquisadora Cláudia Mogadouro, é importante que o educador faça a mediação entre a obra audiovisual, os estudantes e os conteúdos relacionados. “É fundamental que o professor faça alguma introdução do assunto para que o aluno chegue a suas interpretações”, defende em entrevista ao Centro de Referências em Educação Integral.
Cláudia ressalta que os filmes – ficcionais ou documentais – não são um retrato da realidade e sim uma leitura dela. Ou seja, traz em si a visão dos envolvidos na produção e ainda permite que cada indivíduo produza uma leitura da obra. “É importante que se leve em conta que o cinema é polissêmico, ou seja, permite muitos significados em torno dele. E, portanto, alunos e professores terão olhares diferenciados para os títulos, baseados em suas experiências, o que também deve ser valorizado em uma dinâmica de cultura do debate.”
Assim, um olhar cuidadoso na preparação das aulas, na exibição dos filmes e na discussão com os alunos é fundamental para a construção de conhecimento junto aos jovens. Diante do desafio que é trabalhar o cinema em sala de aula, o site “Curta Na Escola” vem apoiando educadores nessa tarefa.
Com cerca de 400 vídeos disponíveis, o portal reúne curtas-metragens brasileiros com indicações e sugestões de uso em sala de aula. Cada obra é apresentada com uma ficha que indica os temas abordados, as disciplinas relacionadas, a faixa etária adequada, entre outras informações. Os materiais disponíveis no site são gratuitos e de uso livre, desde que não haja uso comercial.
O site também se propõe a ser uma comunidade nacional de aprendizagem, na qual professores trocam experiências sobre o uso do audiovisual dentro da sala de aula. Atualmente, a plataforma conta com quase mil relatos de educadores e cerca de 500 planos de aulas sugerindo possíveis abordagens, também criados pelos professores.
Reunindo apenas produções nacionais, o Curta Na Escola busca dar visibilidade à ampla criação de curtas-metragens no país, que nem sempre possui espaço de veiculação nos cinemas e na televisão. A diretora pedagógica do Instituto Paramitas, um dos responsáveis pela iniciativa, Mary Grace Andrioli explica que o objetivo do site é “valorizar nossa cultura e colaborar com o professor por meio de recursos audiovisuais que podem complementar com muita qualidade o trabalho desenvolvido, respeitando a proposta pedagógica de cada escola”.