Onde leio o meu fado
Do Bardo enamorado
Onde amores descanto
Com mágico esplendor,
Meu anjo, meu amor.
Estava ao lado meu,
Era o reflexo do formoso brilho
A quem consagro a lira,
Amorosa suspira!
O nascimento vejo
Contempla a sua face;
Dum aspecto risonho
Que logo te adorei!
Parecia augurar ditoso termo
Ao nosso puro amor.
Por tudo que há sagrado,
Com mágico esplendor,
Meu anjo, meu amor!"
Nota:
Aos seis anos de idade presenciou a morte da única irmã. Quatro anos mais tarde, morre-lhe a mãe. Em 1854 o pai casou-se com Maria Inês. Aos quatorze anos, Joaquim Maria ajudava a madrasta a vender doces para sustentar a casa, tarefa difícil depois da morte do pai. Não se sabe se freqüentou regularmente a escola. O que se sabe é que, adolescente, já se interessava pela vida intelectual da Corte, onde trabalhou como caixeiro de livraria, tipógrafo e revisor, antes de se iniciar como jornalista e cronista.
Machado de Assis com certeza deparou-se um dia com uma estrada que apontava dois caminhos, de um lado, a estrada mais simples, a da lamentação, onde ele poderia usar toda a desgraça que o acompanhava para viver o resto de sua vida como um miserável resmungão, um chorão, talvez um “alcoólatra”, ou quem sabe, usuário de uma droga qualquer, porque a desculpa ele já tinha. De outro lado, havia a estrada dos sonhos, dos objetivos. Estrada que aos olhos dos outros e dos mesquinhos, era a estrada do impossível. Era uma estrada cheia de dificuldades, mas o amor pelas letras, pela língua portuguesa, o enchiam de certezas. Determinação, recusar o mal por si mesmo. Recusar a lamentação, as dores, sem aumentar os problemas, por piores que sejam. É preciso acreditar na vida, na sua capacidade de criar, de construir, de levantar paredes novas, pintar novas cores...