Papa reconhece história violenta do cristianismo
Philip Pullella - Reuters
Assis, Itália - O papa Bento 16 reconheceu na quinta-feira, "com grande vergonha", o uso da força pelo cristianismo em sua longa história, mas disse que a violência em nome de Deus não tinha mais lugar no mundo contemporâneo.
O papa se pronunciou durante um evento ecumênico pela paz, no qual recebeu cerca de 300 líderes religiosos do mundo todo - entre cristãos, judeus, muçulmanos, hindus, zoroastristas, taoistas, xintoístas e budistas.
"Como cristão, gostaria de dizer neste momento: sim, é verdade, ao longo da história a força foi usada em nome da fé cristã", disse em discurso às delegações reunidas na basílica de Assis, cidade natal de São Francisco.
"Conhecemos isso com grande vergonha. Mas está muito claro que isso foi um abuso da fé cristã, algo que evidentemente contradiz sua verdadeira natureza", afirmou.
Essa foi uma das raras vezes em que o papa se desculpou por eventos como as Cruzadas ou o uso da força para difundir a fé no Novo Mundo. O falecido papa João Paulo 2o se desculpou em 2000 pelas falhas históricas do cristianismo.
Bento 16, que em seu discurso condenou o terrorismo, disse que a história também demonstrou que a negação de Deus pode gerar "um nível de violência que não conhece limites". Ele disse que os campos de concentração da Segunda Guerra Mundial revelavam "com total nitidez as consequências da ausência de Deus".