O pintor: Leonardo da Vinci nasceu em Vinci, na Toscana, em 15 de abril de 1452 e morreu em Cloux, na França, em 2 de maio de 1519. Amava esse quadro e nunca dele se desfez, andava com ele para onde quer que fosse. Está na França por isso, foi com ele para Amboise e segundo Giorgio Vasari, o grande autor de "Vidas" (1550), ele o vendeu ao rei Francisco I de França, em 1518. É audacioso contestar Vasari, evidentemente, e eu não tive a honra de conhecer Leonardo, mas algo me diz que ele deu o retrato da Mona Lisa a Francisco I que o acolheu como a um pai. Leonardo, idoso e doente, morreu nos braços do rei.
O retrato: esse é, sem dúvida, o retrato mais famoso em todo o mundo. A pessoa pode até não saber quem é a retratada, mas é difícil encontrar quem nunca a tenha visto em jornal, revista, anúncio, TV ou cinema. Muito já se escreveu sobre ela: são inúmeras as teorias. A fonte mais fidedigna é Vasari que no já citado “Vidas” descreve a vida e a obra dos grandes artistas de seu tempo.
Segundo Vasari, Mona Lisa nasceu em 1479 e faleceu em 1528. Mona correspondia ao nosso “Dona”. Lisa é seu nome de batismo, Lisa Gherardini, que depois do casamento, em 1495, com Francesco del Giocondo, passou a ser Lisa Gherardini del Giocondo, ou La Gioconda.
A figura dessa mulher vestida como todas as senhoras florentinas de seu tempo, sentada diante de uma paisagem fantástica, com os braços cruzados em pose muito calma, com sorriso e olhar misteriosos, encanta e intriga desde que foi exposta à visitação pública.
Leonardo usou nesse retrato a técnica do “sfumato”, brincando com a luz e a sombra e fazendo os contornos pouco nítidos, o que dá ao quadro uma aparência de sonho; a paisagem de água, rochas e vegetação em tons de azul e marrom enfatiza a atmosfera abstrata.
Como já mencionei, é obra estudada à exaustão e, entre outras coisas, há conclusões como essas que cito a seguir: o sorriso só nos cantos dos lábios era considerado sinal de elegância, mas pode também estar ligado ao nome Gioconda, que quer dizer contente, de bem com a vida; a ausência de pestanas e de sobrancelhas era outro padrão de beleza para as senhoras das classes abastadas; La Gioconda não está retratada, como as emergentes de seu tempo, em ambiente luxuoso, vestida com pompa. Ao contrário, a simplicidade de suas roupas se une à simplicidade de seu sorriso doce e transmite o interesse dos renascentistas pela teoria de Platão: a beleza da alma transparece...
Óleo sobre prancha de madeira com 12 mm de espessura, mede 77 x 53 cm.
Acervo Museu do Louvre Paris.