Quem tem medo da democracia? - Suely Braga
As páginas da história de nosso país são manchadas por longos perídos de ditaduras civis e militares. O Brasil como os demais países da América Latina passou a maioria dos anos governados por ditadores. Apenas em alguns curtos espaços de tempo vivemos uma débil democracia. A sociedade brasileira traz nas entranhas de seu ventre uma cultura de autoritarismo, machismo, opressão e pendores ditatoriais.
Após cinquenta anos de uma cruel ditadura vivemos uma jovem democracia ainda marcada por resquícios de uma estrutura vinda da ditadura anterior.
Quem tem medo da democracia?
Tem medo da democracia plena as viúvas da ditadura. Políticos que transitaram pelos escuros porões da ditadura militar comunados com os ditadores que sustentaram este regime de goveno. Tem medo da democracia os meios de comunicação que ajudaram a manter a ditadura. Os partidos políticos que trazem em suas siglas um “D” de mocráticos ou um “P” de progressitas e na sua prática política tentam calar a voz do povo, sufocando a participação popular. Tem medo da democracia governantes prepotentes, que apesar de serem eleitos pelo povo querem governar com o tacão do autoritarismo, sem diálogo, sem ouvir os anseios da sociedade. Os políticos que usam e abusam do povo, de quatro em quatro anos para se reelegerem, temendo a perda de seus “currais” eleitorais.
Tem medo da democracia as elites conservadoras.
que mantém o poder econômico em suas mãos e não querem perder seus privilégios. Os empedernidos, os bisonhos, os tacanhos formam um exército de críticos às práticas democráticas.
Por que projetos importantes para o reforço da democracia como: a reforma política, a reforma agrária, a constituinte, o marco regulatório da internet não passam no Congresso e ficam engavetados sem serem aprovados.O Congresso é formado por bancadas: a bancada ruralista, a bancada dos donos dos meios de comunicação que defendem o monopólio dos mesmos.Cada bancada defende seus interesses e não os interesses da sociedade.
A construção da cidadania e a organização da sociedade formam a consciência crítica e homens livres capazes de dirigirem seu próprio destino. Isto constitui uma ameaça à hegemonia das elites que detém o poderio econômico e que há tristes e longos anos governaram o país. Para estes é preciso que as consciências sejam amordaçadas, as vozes sejam caladas e a participação popular banida da face do Estado e do páis.
“Todo poder emana do povo” é letra morta da Constiuição. Se for colocada em prática torna-se perigosa e faz tremer os amantes do autoritarismo.
Fonte: http://sonhadorasuelybraga.blogspot.com.br/
Suely Braga Osório é pós-graduada em orientação educacional pela PUCRS. Escritora e poetisa participando de várias páginas da internet com mais de 45 coletâneas e antologias, premiada a nível estadual e nacional. No ano de 2007 publicou um livro de contos e crônicas "Os Últimos Acordes do Concerto