“Já não te vejo, deslumbrante como outrora,
Já não te sinto, luz do meu encantamento,
Com a cerimonia, que te chamam de senhora,
Tu podes crer, que já mudou meu sentimento.
Já fui mendigo, do teu riso e do teu beijo,
Tive migalhas de esperança e de carinho,
Mas não me lembro que tu foste meu desejo,
Felizmente agora eu vejo, que é melhor viver sozinho !
A noite passa, depois vem a alvorada,
De ti não sei mais nada, nem mais sei quem tú és,
Aventureira, magoaste a vida inteira,
A quem era feliz, junto a teus pés.
Desesperado, segui o meu caminho,
Sabendo que entre amigos, morava a humilhação,
Hoje saúdo, a quem vendeu de tudo,
Mas não compro no mercado de ilusão,
Eu te agradeço e relembro comovido,
Alguns momentos de loucura e de prazer,
Meu pensamento volta as vezes distraído,
Vai ao passado, sem te esquecer.
Esta ferida que tú abriste no meu peito,
Do amor defeito, nunca mais há de fechar,
Sua carreira de cruel aventureira,
A vida inteira, saberá me castigar."
Este tango, foi escrito por um uruguaio de 17 anos, de nome Geraldo Matos Rodrigues em 1917. Foi vendido por 20 pesos uruguaios da época. Minha mãe adorava canta-lo.