A criança que fui chora na estrada - Fernando Pessoa
"A criança que fui chora na estrada.
Deixei-a ali quando vim ser quem sou;
Mas hoje, vendo que o que sou é nada,
Quero ir buscar quem fui onde ficou.
Ah, como hei-de encontrá-lo? Quem errou
A vinda tem a regressão errada.
Já não sei de onde vim nem onde estou.
De o não saber, minha alma está parada.
Se ao menos atingir neste lugar
Um alto monte, de onde possa enfim
O que esqueci, olhando-o, relembrar,
Na ausência, ao menos, saberei de mim,
E, ao ver-me tal qual fui ao longe, achar
Em mim um pouco de quando era assim."
A seguir, outra tradução encontrada na internet:
"A criança que fui chora na estrada.
Deixei-a ali quando vim ser quem sou;
Mas hoje, vendo que o que sou é nada,
Quero ir buscar quem fui onde ficou.
Olá, minha criança! Vim buscar quem fui, onde ficou.
Que bom te reencontrar, pois sei que um dia deixei-te na estrada para ser quem sou.
Voltei agora para te buscar.
Perdoe- me por te abandonar.
Enquanto choravas, eu dormia o sono das conquistas passageiras.
Agora estou desperto, vim te buscar.
Não te assustes comigo. Eu não te deixei porque desejava.
Não soube como fazer. Agora retorno a te buscar.
Te aceito como és, incondicionalmente.
Tu não és má porque tem imperfeições.
Tu apenas tens imperfeições.
Depois de tanto tempo, descobri que não sou capaz de viver sem teu poder.
Quero brincar, pular e ser feliz. Vem ajuda com tua bondade.
Ajuda-me com tua criatividade e espontaneidade.
Ah! Minha criança de luz, como te amo! Como quero te amar!
Que vontade de sentir a tua espontaneidade, tua riqueza!"