Edward Hopper, o mais conhecido pintor realista americano, disse uma vez: “O homem é sua obra. Do nada nunca sai coisa alguma”. Essas palavras dão uma pista sobre um artista que era não somente muito cioso de sua intimidade, mas que fez da solidão e da introspecção temas de seus quadros. (Abaixo, à esquerda, auto-retrato, óleo sobre tela, 1925/30).
Hopper (1882/1967) nasceu em Nyack, um centro de estaleiros especializados em iates situado no rio Hudson, na parte norte da cidade de Nova York. Filho de uma família de classe-média em muito boa situação financeira, de origem holandesa, seu pai pode proporcionar a ele e à sua irmã Marion escolas de muito bom nível.
A família era Batista e seguia rigidamente os princípios de sua religião. O pai era um homem de temperamento tranqüilo e a liderança familiar era um matriarcado impressionante: a mãe, a avó, a irmã e a velha empregada da família tinham a palavra final.
Bom aluno e interessado em aprender, Hopper desde os cinco anos demonstrou talento para o desenho. Absorveu com facilidade a inclinação intelectual de seu pai, o amor às culturas francesa e russa. De sua mãe herdou o amor às artes. Seus pais aprovaram essas suas inclinações e o estimularam, desde cedo, com material de desenho, muitos livros que ensinavam a desenhar e coleções de álbuns com imagens das obras dos grandes mestres da pintura.
Em 1906, com a ajuda dos pais, viajou para Paris. A capital das artes passava por um momento de muita excitação, com grandes debates provocados pelo movimento modernista. Mas Hopper sempre disse que o efeito disso tudo sobre ele foi mínimo.
Quem ele conheceu em Paris? Segundo ele, ninguém dos nomes famosos. Ouviu falar em Gertrude Stein, a rica americana que foi mecenas influente no ambiente artístico parisiense, mas nunca ouviu falar em Picasso, por exemplo. “À noite, eu ia aos cafés e ficava sentado olhando a cidade passar. Ia muito ao teatro. Paris não teve um impacto imediato, nem sequer grande, sobre mim”.
Visitou também Londres, Amsterdam, Berlim e Bruxelas. O quadro que mais o impressionou foi “Ronda Noturna”, a fantástica obra de Rembrandt que visitou no Rijksmuseum de Amsterdam.
Em 1913 Hopper vendeu seu primeiro quadro, exposto no Armory Show, uma mostra que reuniu artistas americanos e modernistas europeus. Em 1920, fez sua primeira individual no Whitney Museum, mas nessa ocasião não vendeu nem um quadro.
Aos 37 anos, desanimado e receoso de não alcançar o sucesso como artista, dedicou-se a ilustrações. As estampas vendiam muito bem, tinham mais aceitação que os óleos. Mas ao experimentar vender suas aquarelas, Hopper descobriu que elas também vendiam tão bem quanto as estampas.
A imagem deste post, “O telhado em mansarda”, aquarela sobre grafite, mede 34 x 48 cm e é das mais conhecidas obras de Hopper.