"Desde os tempos distantes de criança
Numa força sem par do pensamento,
Tem sentido infinito e resultante
Do que sempre será meu sentimento;
Todo teu, todo amor e encantamento,
Vertente, resplendor e firmamento.
Vive em tuas asas, todo o meu viver;
Meu sonhar marinho, todo amanhecer.
Como a flor do melhor entendimento,
A certeza que nunca me faltou,
Na firmeza do teu querer bastante,
Seja perto ou distante é meu sustento.
De lamentos não vive o que é querente
Do teu ser, no passado e no presente.
Vive em tuas asas, todo meu viver;
Meu sonhar marinho, todo amanhecer...
Do futuro direi que sabem gentes,
De todos os rincões e continentes,
Que só tu sabes do meu querer silente,
Porque só tu soubeste, enquanto infante,
Das luzes do luzir mais reluzente,
Pertencer ao meu ser mais permanente.
Vive em tuas asas, todo o meu viver;
Meu Sonhar marinho, todo amanhecer."
Geraldo Vandré, foi um nome artístico utilizado por Geraldo Pedroso de Araújo Dias Vandregísilo (João Pessoa, 12 de setembro de 1935) até 1968[1] e pelo qual continua sendo conhecido até a atualidade. Atualmente Geraldo é um advogado, cantor e compositor brasileiro.
Vandré iniciou carreira musical nos anos 60, tornando-se famoso, pelas suas músicas que se tornaram ícones da oposição ao regime militar de 1964, como "Porta Estandarte", "Aroeira" e "Para não dizer que não falei das flores".
O sucesso maior veio com "Disparada", vencedora junto com A Banda de Chico Buarque do Festival da Canção da TV Record em 1966. Ao saber que sua música havia ganhado Chico Buarque, solicitou que "A Banda" dividisse o primeiro lugar com "Disparada", história desconhecida até 2003 quando Zuza Homem de Mello, lançou seu livro "A era dos Festivais - Uma Parábola". Neste livro ele revela que Chico Buarque ao saber que sua música havia ganhado, não concordou com o resultado, pois considerava "Disparada" melhor e não aceitaria o prêmio, a situação foi resolvida quando foi informado que ele e Geraldo Vandré dividiriam o prêmio.
Em 1968 ao defender "Pra não dizer que não falei das flores" no "Festival de Música Popular Brasileira" criou um dos hinos da resistência ao regime militar que ficou conhecido pela primeira palavra: "Caminhando". Além de estar em uma nova situação envolvendo ele e Chico Buarque. "Sabiá" de Tom jobim e Chico Buarque foi declarada vencedora, mas o público se revoltou, pois queriam "Pra não dizer que não falei das flores" como vencedora, mas música havia ficado em segundo lugar, enquanto se apresentavam Cynara e Cybele ao lado de Tom Jobim e Chico Buarque foram vaiados durante a apresentação como música campeã. Este se tornou um dos momento mais emblemáticos da história dos festivais.