por: Roberto Cristino Teixeira em sábado, 20 de julho de 2013
Esse negócio de se aceitar, conforme se diz, que "a língua portuguesa é só para se comunicar" dá nisso.
Houve um registro de um caso de uma professora de Matemática, de um determinado colégio, tratando o termo “cateto”, os quais são qualificados, especialmente, como lados de um triângulo retângulo, como se fosse o nome do lado de qualquer tipo de triângulo, e, na prova, cuja forma e conteúdo foram objeto de reclamação do pai dos alunos, junto ao diretor da escola, para que ela fosse chamada para fazer uma reformação, haver expressões assim: "O triângulo cuja um seu cateto...". Um absurdo abominabilíssimo.
Essa observação é colocada de forma muito resumida.
Mas acrescenta-se que o professor de Matemática deve ser ótimo em Matemática e bom em Português, Física, Biologia, Geografia e História.
O de Física deve ser ótimo em Física e bom em Português, em Matemática, Biologia, Geografia e História.
O de Biologia deve ser ótimo em Biologia e bom em Português, em Matemática, Geografia e História.
E assim sucessivamente.
O professor de Matemática faltava; o de História o substituía, se não para ministrar assunto novo, mas, pelo menos, para fazer os exercícios prescritos pelo seu colega. Assim como o de Matemática poderia fazer preleções sobre História, Biologia ou Geografia. Davam lições além da sua matéria, no campo filosófico.
Antigamente, os professores falavam um português perfeito. Não se trata de nunca alguém errar. Trata-se de se buscar a perfeição ou a correção.
Na visita a uma roça, não se vai observar a fala de quem tem as mãos calejadas pelo trabalho na plantação de legumes. Mas um apresentador de televisão, um pastor que profere um discurso de uma tribuna, professores e outros tipos de personagens devem se esforçar para executarem uma linguagem primorosa. E, a não ser diante do falar pitoresco do matuto autêntico, de uma comédia de Mazzaropi, ou do erro propositado em uma poesia belíssima como a do poeta Zé da Luz, “Ai, se sesse!”, a linguagem correta deve exercida e deve ser mantida. E sem correção, ou erro generosamente propositado e com reserva de qualidade do autor, não há arte. Para se inovar, como disse Saramago, que, por exemplo, criou a citação sem aspas, só com início da frase com letra maiúscula, é preciso saber.
É uma grandíssima lástima o que acontece hoje, observando-se que 2013 não tem culpa. A assim como a arte é ou dever ser universal, não há, em termos éticos, o antigo ou o moderno. O ente “Moderno” não deve ser sinônimo do que é bom. “Moderno” é, apenas, o que está na moda. E o que está não moda pode ser belo ou feio, bom ou ruim, o bem ou o mal, bom ou mau. Com exceção do que acontece na Ciência e Tecnologia, que trazem maravilhas, com a discrição dos cientistas, com a injusta falta de reconhecimento por parte das massas, em parte por recalcitrância e em parte pelo estado de pobreza em que vive considerável parcela dessas massas, o que pode haver, em muitos setores, ou há, é uma coincidência do feio, do errado, do ruim, com o tempo hodierno.
Antigamente quem reforçava a negligência era apenas uma parte dos alunos. Hoje quem reforça a negligência, como se tem observado em entrevistas, são professores medíocres ou ruins, mal formados, descompensados e degenerados.
Já se vê, considerando-se ou admitindo-se que existia mais preocupação, por parte da sociedade, com a qualidade da arte e com a ética, até o decênio de 70, sem se ceder à confusão entre os gêneros da Ética, do tempo e da Estética - uma vez que ao tempo pertencem as espécies “antigo” e “novo”, e à Ética e à Estética o certo e o errado, e o belo e o feio - que ser tido como um homem do século de XIX, em alguns aspectos, não é uma acusação de um vício; é uma virtude.