O US Open e a paixão pelo Tênis - Luisa Leme
A capacidade de realização que o norte-americano tem é algo que outros países só conseguem imitar.
Não sei se os inglêses atingem o mesmo nível, mas neste país, há clubes e encontros para tudo. Qualquer interesse, hobby ou paixão ganha um grupo, uma associação, um prêmio, uma organização.
Talvez para se criar uma identidade, pertencer, ou vencer a timidez, os americanos sempre fazem parte de alguma coisa. Nem que seja um “book club”. O núcleo sempre ajuda organizar a cultura daqui e quem participa tem orgulho do que faz.
O US Open, um dos maiores campeonatos de tênis do mundo - parte do Grand Slam - é o encontro de fãs mais elegante e agradável que eu já vi na cidade.
Enquanto a falta de sincronia das sessões de yoga coletivas nos afasta, a bagunça dos shows de rock pode irritar, e a estranheza de ter mais de 300 mulheres tricotando no Central Park, por exemplo, chega a assustar, o US Open faz a gente se apaixonar pelo esporte.
Uma homenagem aos que jogam e gostam de tênis, o evento cultiva mais a comunidade do que as partidas do torneio.
O torcedor não é brasileiro, espanhol, de um time ou jogador. No US Open, todo mundo é fã do esporte: curte as partidas que acontecem ao redor do estádio principal (consegui assistir a um set de veteranos com o campeão John McEnroe), tira fotos no hall da fama, espera pelos aquecimentos dos atletas que vão jogar. Usa o boné do torneio e escuta a narração do jogo pelo radinho distribuído na porta do estádio. E curte os restaurantes, as lojas, troféus, e o sol nos jardins do Flushing Meadows.
A área ao redor dos estádios é um verdadeiro oásis do tênis, dentro de um dos maiores parques da cidade, que tem estádio de baseball, teatro, museu de arte e mais. O Flushing Meadows guarda jóias de Nova Iorque, escondidas das pessoas que tem preguiça de visitar o Queens.
O US Open consegue trazer os fãs para o lugar mais internacional da cidade, com 138 línguas representada.
Todos vêm de metrô, como todo mundo que mora aqui. E o grupo de fãs é diverso, apesar dos ingressos serem caros.
A diversão dura o dia todo, com várias partidas, quadras, surpresas nos resultados, camisetas do Nadal, e muita, muita história sobre o esporte.
Tudo isso mais a alegria de ver Serena Williams chorando de emoção, depois de ser novamente campeã.
* Luisa Leme é jornalista e produtora de documentários. Passou pela TV Cultura e TV Globo em São Paulo, e pelas Nações Unidas em Nova York. Mora nos Estados Unidos há sete anos e fez mestrado em relações internacionais na Washington University in St. Louis. Mantém o blog DoubleLNYC comimagens e impressões sobre Nova York. Twitter: @luisaleme