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"Acontece que o Conde Matarazzo estava passeando pelo parque. O Conde Matarazzo é um Conde muito velho, que tem muitas fábricas. Tem também muitas honras. Uma delas consiste em uma preciosa medalhinha de ouro que o Conde exibia à lapela, amarrada a uma fitinha. Era uma condecoração (sem trocadilho). (continua)
Trecho de "O livro do desassossego" - Bernardo Soares.
"Que somos todos diferentes, é um axioma da nossa naturalidade. Só nos parecemos de longe, na proporção, portanto, em que não somos nós. A vida é, por isso, para os indefinidos; só podem conviver os que nunca se definem, e são, um e outro, ninguéns... (continua)
Uma das mais belas e impactantes sentenças escritas por Shakespeare – sobre o tema que vou tratar aqui, o bardo tem centenas de passagens tão belas quanto esta – está em uma de suas obras primas, Otelo, O Mouro de Veneza: “Men should be they seem”. “Os homens deveriam ser o que parecem”, em português. A frase composta de monossílabos é de estonteante sonoridade em língua inglesa. (continua)
Vocês viram o dia que fez ontem, 28 de outubro, aqui em Brasília? Talvez seja indescritível... Como diria Artur da Távola, esse foi um típico “Diadeus”. Dificilmente “o ato de ser dia foi tão plenamente como ontem! Talvez para homenagear os servidores públicos, tão merecedores de gratidão! A impressão foi a de que Deus se aborreceu com seus assessores e disse: - “Vocês já não sabem iluminar um dia! Vejam como é. E realizou a mais linda luz possível a envolver uma cidade. (continua)
Sir Francis Bacon deu um conselho curioso aos que estudavam a Natureza: deveriam desconfiar de tudo que suas mentes aceitassem sem hesitação. Talvez fosse uma maneira de prevenir contra a ilusão de que qualquer descoberta humana fosse completa, ou tivesse completamente desvendado o que Deus encobrira. No momento (século 17) em que crescia a ideia herética de que existia um metafórico Livro da Natureza tão cheio de mensagens de Deus para os homens quanto o Livro dos Livros, Bacon aconselhava a Ciência a não desprezar o que diziam os mitos e as Escrituras. A glória de Deus se manifestava de várias formas. Algumas eram apenas mais poéticas do que as outras. (continua)
Sou de uma época em que ainda se escrevia cartas, um tempo não muito distante que acabou no início dos anos 90 com a chegada do computador pessoal. A Internet matou a carta escrita à mão. É o “progresso natural”, no entanto, diria Drummond, “Mas, como dói”. Tenho quase um milheiro de cartas guardadas em casa, testemunhas das experiências que vivenciei com familiares e amigos ao longo da vida. (continua)
Em uma linda cidade, onde o céu era de um azul intenso, as árvores retorcidas e o capim amarronzado, vivia uma linda menina de cachinhos, com olhos grandes e bem expressivos, - seu nome era Estrela. Ela gostava de ficar com o pai na sua casinha ouvindo histórias, gostava de ir ao clube e adorava comer morangos. Comer morangos era sempre uma comemoração, um sinal de que tudo estava bem. (continua)
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