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Ensino a distância no Brasil pode dobrar em 5 anos

Enviado por Gilberto Godoy
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   Com a perspectiva de dobrar o número de alunos em cinco anos, o ensino a distância no Brasil aparece como alternativa que oferece flexibilidade aos estudantes e margens maiores para as companhias de educação, que investem em novos polos e cursos, como educação física e engenharia.

   Cerca de 25 por cento das matrículas do ensino superior são nesta modalidade atualmente e a expectativa é que esta fatia possa alcançar 40 a 45 por cento nos próximos anos, de acordo com as estimativas do diretor-executivo de operações de ensino a distância (EAD) da Estácio Participações, Pedro Graça.

   A modalidade ganhou força com a popularização da banda larga no país, e agora uma nova geração de jovens nascidos em um ambiente cem por cento digital abre novas perspectivas.

   Enquanto isso, o preço da mensalidade, que chega a ser até quatro vezes mais barato do que um curso presencial, aliada ao crescimento da classe C e aos 15 milhões de adultos entre 25 e 30 anos que ainda não possuem curso superior no Brasil são os principais pilares para a expansão do EAD no país.

   "A tendência é o número de alunos dobrar nos próximos cinco anos", disse à Reuters o diretor da Associação Brasileira de Ensino a Distância (Abed), Carlos Longo. Os dados do Censo da Educação Superior divulgado em setembro do ano passado mostraram que o EAD no Brasil encerrou 2012 com 1,2 milhão de alunos matriculados, ante um total de 7 milhões do sistema total.

   O ritmo de expansão de novos ingressantes foi de 12,2 por cento no ensino a distância, enquanto na educação presencial o crescimento médio foi de 4,4 por cento em 2012 ante 2011, segundo os dados mais recentes do Ministério da Educação (MEC). A expectativa agora da rede de ensino privado é a liberação por parte do governo federal do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), que hoje abrange apenas o presencial, para o EAD.

   "O ministro (da Educação) Henrique Paim demonstrou interesse por parte do governo em fomentar essa modalidade de ensino, até mesmo para atender a meta do Plano Nacional de Educação (PNE) sobre a expansão do ensino superior, que hoje está muito aquém do previsto", disse o presidente da Associação Brasileira das Mantenedoras do Ensino Superior (ABMES), Sólon Caldas, em entrevista ao chat Trading Brazil, um serviço da Thomson Reuters.

   A forte expansão tem um longo prazo de validade. Segundo Longo, da Abed, o setor ainda tem pela frente duas décadas de prosperidade no crescimento de alunos, e durante este tempo o perfil dos estudantes presenciais não deve concorrer com os do EAD.

   A flexibilidade que a modalidade oferece levou a pernambucana Elaine Marinho, 40 anos, a optar por cursar Serviço Social a distância na Unopar, instituição comprada em 2011 pela Kroton por 1,3 bilhão reais.

   Moradora de Paulista (PE), ela assiste às aulas presenciais às quartas-feiras em Recife, distante cerca 20 quilômetros de sua residência. Após um estágio durante o curso, Elaine foi contratada como orientadora social e hoje tem um salário 50 por cento maior do que quando trabalhava como massoterapeuta.

   "Acho muito bom o ensino a distância porque abre oportunidades. Mas requer do aluno maturidade para administrar seu tempo", disse a pernambucana que deve se formar em 2015 e paga uma mensalidade de cerca de 300 reais.

   Concorrência maior

   Apesar das perspectivas de crescimento robusto, a concorrência tende a ficar mais acirrada, com outras empresas de olho nas margens maiores da modalidade.

   Atualmente pouco mais de 200 instituições atuam no segmento e outras 100 já pediram autorização ao MEC para oferecer o serviço, segundo o diretor da Abed. A Kroton Educacional é a líder do Brasil em número de alunos, com 444 mil estudantes de graduação e pós-graduação a distância, matriculados ao final do primeiro trimestre.

   Entre janeiro e março, o segmento representou 37,4 por cento do lucro bruto consolidado da Kroton, com margem bruta de 81,3 por cento, ante 67,5 por cento do resultado total.

   Hoje, os alunos EAD da Kroton representam 70 por cento do total, mas após a combinação com a Anhanguera esta proporção vai cair para 50 por cento. Para aprovar a fusão entre as duas empresas, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) determinou a venda de ativos de EAD da Uniasselvi, com 75 mil alunos.

   "A Uniasselvi é uma operação com base de alunos bastante representativa, com margem robusta, e que cresceu muito nos últimos anos. É bastante atrativa para o mercado", disse o diretor de operações EAD da Kroton Educacional, Dieter Paiva, sem fornecer mais detalhes sobre interessados na compra.

   A Estácio, enquanto isso, vai adicionar quase 34 mil alunos do segmento com a compra da Uniseb. Ao final do primeiro trimestre, a empresa tinha 78,4 mil estudantes de EAD. Segundo Graça, o EAD hoje representa 8 por cento do faturamento da companhia.

   "Ainda é um percentual pequeno, mas a gente quer fazer crescer. A Estácio ainda tem uma participação maior no presencial", disse à Reuters o executivo da companhia.

   Para aprovar a compra da Uniseb, o Cade também determinou restrições no segmento a distância, limitando a Estácio na captação de novos alunos nos próximos quatro semestres letivos em nove localidades e 20 cursos.

   Novos cursos e pólos

   Além do crescimento por meio de novos polos, a criação de novos cursos também contribui para o avanço do EAD nas empresas de educação. "Para que a gente possa continuar crescendo, tem que lançar produtos novos. Nosso objetivo é lançar quatro, cinco produtos novos a cada ano", disse Dieter, da Kroton.

   A companhia pretende oferecer o curso de engenharia para o vestibular de verão de 2015. Este ano, lançou o curso de educação física, com cerca de 20 mil alunos matriculados. Hoje a Kroton oferece 31 cursos, divididos entre 48 polos Uniasselvi e 439 polos da Unopar, além do pedido no MEC de mais 225 polos para a Unopar. A Estácio, tem registrados no MEC pedidos para o início de 74 novos polos, enquanto a compra da Uniseb vai somar outros 164 quando a operação foi concluída.

     Fonte: Juliana Schincariol, da Reuters

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