Quando as redes sociais ganharam ímpeto, os personagens, antes anônimos, passaram a ser identificados. Pensava-se, então, que a etiqueta na rede seguisse aquela vigente nas relações presenciais. Coisas simples, do tipo: não ofenda uma pessoa de cujas ideias discorde; não agrida verbalmente ninguém; comporte-se com educação.
Mas não via em chats, IRC, fóruns ou mesmo nas antigas redes de mensagem das BBSs (onde era comum a identificação) essa virulência (ou falta de noção) que vemos hoje em certos espaços virtuais "modernos". Não dá para restringir a a análise do "mundo virtual" às salas de chat de cidades e paqueras do século passado. Então, não me parece correto essa ilustração de que faltou amadurecimento e a compreensão de que aqui é extensão e parte da vida real e não um "mundo virtual".
Nos EUA existe referência ao "Eternal September", momento em que a Internet começou a se popularizar rapidamente, trazendo um grande fluxo de pessoas novas que desconheciam ou não foram orientadas sobre conceitos como "Netiqueta". Indo um pouco além do tema, muitos dos problemas de segurança bancária envolvendo Internet ocorrem somente porque os bancos não dão nenhum tipo de orientação de como usar os serviços com segurança ou deixar claro que não mandam e-mails para clientes. De que maneira os provedores de serviços online orientam seus clientes, se é que orientam?
Cabe perguntar, como as escolas, sejam elas públicas ou privadas estão lidando com a Internet. Se simplesmente tratam como uma ferramenta que os alunos devem (já) saber usar ou se tratam como uma parte do mundo que deve ser explicada no processo de ensino.
E nos lares, como a coisa tem funcionado? Imagino que tem muito lar onde os filhos são a primeira geração que tem contato com esse admirável mundo novo. Quais são as consequências dessa nova realidade? Ontem mesmo, estava lendo sobre um caso (lá fora) que acabou em suicídio de uma menor.
Não acho que o problema resida necessariamente nas redes sociais, e sim nos espaços "semi-privados" que não são devidamente moderados. Pois onde há algum tipo de moderação, normalmente existe algum controle, mesmo que não seja perfeito. Talvez a situação tenha começado com parte dos grandes veículos de comunicação que entraram na rede. Digo parte, pois não vejo 1% do que vejo de "problemático" nos comentários da Folha (só para citar um exemplo bem conhecido) na Zero Hora, do grupo RBS (aqui do RS e de SC).
Por fim, seria interessante, fazer um mapeamento do "saneamento digital", pois não me parece o caso de generalizar e dizer que tem "esgoto" em qualque espaço normalmente vinculado ao PIG pelo "lado de cá". Ou mesmo, comparar um espaço de comentários em sites de grupos de mídia regionais e nacionais com os de um NY Times, Washington Post, BBC, etc.
Fonte: Por Ed Döer