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Ministro sueco sugere aposentadoria com 75 anos

Enviado por Gilberto Godoy
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      Da BBC Brasil

     O primeiro-ministro da Suécia, Fredrik Reinfeldt, provocou polêmica no país ao sugerir a ampliação do limite máximo de idade para aposentadoria de 67 para 75 anos, alegando dificuldades em manter o alto padrão de vida sueco diante do envelhecimento da população local.

     Os comentários do premiê, feitos na última terça-feira, foram criticados em editoriais dos principais jornais do país nesta quarta, assim como pela oposição e sindicatos. Segundo uma pesquisa divulgada por uma TV local, 73% dos suecos seriam contra a medida.

     "O sistema de aposentadoria não é baseado em mágica, e sim no trabalho dos cidadãos e na redistribuição dos recursos em larga escala. Se as pessoas acham que podem viver mais tempo e diminuir seu tempo de serviço, então terão que aceitar que as pensões vão ser mais baixas. Será que as pessoas estão preparadas para isso? Acho que não", disse Reinfeldt em entrevista ao jornal Dagens Nyheter.

     A ideia de estender o limite de aposentadoria para 75 anos caiu como uma bomba no debate sobre um dos principais desafios suecos: como manter os padrões do atual Estado de bem-estar social frente ao envelhecimento do país, onde a população economicamente ativa trabalha para sustentar um contingente cada vez maior de aposentados.

     Calcula-se que, em 2030, um em cada quatro suecos terá mais de 65 anos.

     "Para aqueles que vivem no meio político, como o premiê, trabalhar além dos 65 anos significa ocupar altos postos em conselhos de administração de empresas, ou trabalhos muito bem pagos em consultoria. Mas, para um operário ou funcionário de hospital, que sente que os joelhos e as costas já não funcionam tão bem com a idade, a história é outra", criticou o jornal Aftonbladet.

     Sistema flexível

     "Para aqueles que vivem no meio político, como o premiê, trabalhar além dos 65 anos significa ocupar altos postos em conselhos de administração de empresas, ou trabalhos muito bem pagos em consultoria. Mas, para um operário ou funcionário de hospital, que sente que os joelhos e as costas já não funcionam tão bem com a idade, a história é outra"

     Jornal 'Aftonbladet', em crítica ao premiê sueco

     País onde a expectativa de vida é de cerca de 80 anos, a Suécia tem um dos melhores padrões de qualidade de vida: é a 10º entre as nações com mais alto IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), lista em que o Brasil aparece em 84º.

     Também possui um sistema flexível de aposentadoria, pelo qual os suecos podem se aposentar a partir dos 61 anos ou decidir trabalhar até, no máximo, os 67 anos de idade. Segundo a agência de estatísticas sueca, apenas 7,8% dos suecos com mais de 65 anos estavam empregados em 2010.

     A porta-voz do premiê, Roberta Allenius, disse à BBC Brasil que os comentários de Reinfeldt não representam uma proposta concreta, e sim um ponto de vista para o debate sobre o envelhecimento populacional e a manutenção dos altos padrões de vida na Suécia.

     "Não há nenhuma decisão política nesse sentido, mas o debate é necessário", disse.

     Reinfeldt sugeriu que os suecos provavelmente terão de estar dispostos a mudar de carreira se necessário, de forma a ter uma vida profissional mais longa.

     'Boom do envelhecimento'

     A líder do Centerpartiet (Partido do Centro), Annie Lööf, que integra a coalizão de governo, defendeu parcialmente a visão do primeiro-ministro.

     "A grande pergunta é: Como seremos capazes de manter o nível das pensões quando o boom do envelhecimento acontecer, em breve? É um desafio gigantesco", disse Annie Lööf, acrescentando que uma eventual extensão da idade para aposentadoria não deveria ser compulsória.

     "Aqueles que conseguirem devem ter a possibilidade de continuar a trabalhar, e aqueles que não têm condições devem poder se aposentar."

     Já a deputada Wiwi-Anne Johansson, do partido Social-Democrata, opinou que esperar que as pessoas trabalhem até os 75 anos é uma prova de "desconexão com a realidade".

     "Uma coisa é certa: muitos sequer têm condições de trabalhar até os 65 anos. O que precisamos é de mais empregos. Não podemos ter uma taxa de desemprego de 8% a 9%. Se mais pessoas entrarem no mercado de trabalho, penso que conseguiremos solucionar uma grande parte do problema", declarou a deputada.
 

     Comentário do blog: imagino que a tendência de prolongar o tempo necessário para a aposentadoria, dadas as contingências imperativas do capitalismo, é irrevesível e inexorável, infelizmente!

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