José Datrino, nasceu na cidade de Cafelândia, São Paulo.
Teve uma infância árdua trabalhando com a terra e com animais. Para ajudar a família, puxava carroça vendendo lenha nas proximidades. Desde cedo aprendeu a amar, respeitar e agradecer à natureza pela sua infinita bondade.
Desde tenra infância era possuidor de um comportamento atípico. Por volta dos doze anos de idade, passou a ter premonições sobre sua missão na terra, onde acreditava que um dia, depois de constituir família, filhos e bens, deixaria tudo em prol de sua missão.
Este comportamento causou preocupação em seus pais, que chegaram a suspeitar que o filho sofria de algum tipo de loucura, chegando a buscar ajuda em curandeiros espíritas.
Aos vinte anos foi para o estado do Rio de Janeiro, enquanto sua família mudava-se para Mirandópolis no interior de São Paulo. No Rio de Janeiro, casou com Emi Câmara com quem teve cinco filhos. Começou sua vida de empresário com um pequeno empreendimento na área de transportes, onde fazia fretes para o sustento da família. Aos poucos, o negócio foi crescendo até se tornar uma transportadora de cargas sediada no centro da cidade.
Em 1961, após o incêndio no "Circo Americano", que matou 500 pessoas, a maioria crianças, na dois antes do natal, Gentileza acordou ouvindo "Vozes Astrais", que o mandavam abandonar o mundo material e se dedicar apenas ao mundo espiritual.
O Profeta pegou um de seus caminhões e foi para o local do incêndio, plantou jardim e horta sobre as cinzas e viveu ali quatro anos, confortando os familiares dos que morreram. Foi um personagem andarilho, messiânico, passou 35 anos nas ruas pregando a gentileza e suas virtudes e se autodenominou "Profeta".
Vestido como um apóstolo, pregava nas barcas Rio-Niterói. Nos anos 80, pintou seus escritos nas pilastras do Viaduto do Caju, com um tipo de letra muito peculiar e na altura exata para quem passava de ônibus pelo local.
Durante a Eco-92, o Profeta Gentileza colocava-se estrategicamente no lugar por onde passavam os representantes dos povos e incitava-os a viverem a gentileza e a aplicarem gentileza em toda a Terra.
Em 1997, a Companhia de Limpeza Urbana do Rio de Janeiro, com poucas referências para distinguir a arte da sujeira, a pichação do grafismo, jogou cal sobre as escrituras do Profeta. A arte de Gentileza que, outrora dialogava com a cidade, ficou adormecida e coberta de tinta. Não fosse o empenho do professor Leonardo Guelman, talvez a voz do Profeta ainda continuasse abafada, murmurando em silêncio debaixo do viaduto. Com ajuda da prefeitura da cidade do Rio de Janeiro, foi organizado o projeto Rio com Gentileza, que teve como objetivo restaurar os murais das pilastras. Começaram a ser recuperadas em janeiro de 1999.
A história de Gentileza ficou imortalizada com a música de Marisa Monte:
"Apagaram tudo
Pintaram tudo de cinza
A palavra no muro
Ficou coberta de tinta
Apagaram tudo
Pintaram tudo de cinza
Só ficou no muro
Tristeza e tinta fresca
Nós que passamos apressados
Pelas ruas da cidade
Merecemos ler as letras
E as palavras de Gentileza
Por isso eu pergunto
À você no mundo
Se é mais inteligente
O livro ou a sabedoria
O mundo é uma escola
A vida é o circo
Amor palavra que liberta
Já dizia o Profeta"
Marisa Monte
Aos que o chamavam de louco, respondia: - "Sou maluco para te amar e louco para te salvar". Em 29 de maio de 1996, aos 79 anos, faleceu na cidade de seus familiares, Mirandópolis, São Paulo.