Aguarde por gentileza.
Isso pode levar alguns minutos...

 

A nova classe média vai às compras

Enviado por Gilberto Godoy
a-nova-classe-media-vai-as-compras

 

     Renato Meirelles Da Carta Capital

     Em dez anos, algumas mudanças econômicas colocaram o Brasil num patamar evolutivo. Muitos brasileiros, antes considerados de baixa renda, conseguiram acesso ao crédito através de empregos formais que contribuíram para o aumento da renda familiar. Essa rede de mudanças permitiu a este cidadão dar boas vindas a um estilo de vida mais consumista. Os sonhos são hoje possíveis de serem concretizados.

     O que esse brasileiro percebeu é que pode tornar a sua vida mais confortável através de bens de consumo que podem ser adquiridos de imediato sem torrar todo seu orçamento. O crédito possibilitou essa virada e consolidou o que chamamos de Nova Classe Média Brasileira.

     Também conhecida por Classe C, a NCM representa a maioria de consumidores em todas as categorias de consumo: móveis e eletrodomésticos, alimentação e bebidas, roupas e calçados, entre outros.

     O acesso a serviços também tem a liderança deste novo consumidor, que pode agora ser visto em ambientes nunca antes frequentados, como nos saguões dos aeroportos, shoppings, cinemas e academias. E essa presença impactante de consumidores com códigos diferentes contribuiu não apenas para movimentar a economia do país, mas para gerar incômodo da antiga classe média (Classes A e B) que viu seu espaço, antes exclusivo, invadido por uma superpopulação que antes “não existia” na prática.

     Além do preconceito causado pelo aumento do número de pessoas em lugares antes restritos, a elite também demonstra preconceito em relação às diferenças cognitivas existentes entre as classes sociais.

     Realizamos uma pesquisa online no segundo trimestre de 2011 que comprova isto: 55,3% da elite afirmou que deveria haver produtos diferenciados para ricos e pobres e 48,4% acredita que a qualidade dos serviços piorou com o maior acesso a população.

     E esta mesma fatia social que repudia a chegada da classe C é aquela que está à frente das grandes empresas e agências de publicidade, o que torna mais difícil ainda atingir este público, pois para isto é preciso ter humildade e quebrar esta barreira.

     Os empresários precisam enxergar que há tempos a classe C deixou de ser um nicho de mercado e olhar pra ela com outros olhos, até porque ela representa 53,9% da população brasileira. São 104 milhões de consumidores ignorados, sendo que os próprios comerciais de tevê são destinados para o público A/B.

     O grande erro é achar que a Nova Classe Média deseja ser como a elite. Esse cara deseja sim melhorar de vida, mas não se espelha no rico, que considera perdulário, e sim no vizinho, que acabou de comprar um carro, por exemplo.

     Outro equívoco é querer empurrar produto baratinho e vagabundo para este consumidor.

     A Nova Classe Média valoriza cada vez mais a qualidade dos produtos que consome e não se importa de pagar um pouco a mais para garantir isto. É um mercado que trabalha muito bem com a relação de custo benefício, até porque, na hora de lavar a roupa suja, o que conta não é o preço do sabão em pó, mas a sua eficácia e durabilidade, e isso a dona de casa da Classe C sabe muito bem.

     Estes aspectos comportamentais fazem toda a diferença para elaborar estratégias acertadas de negócios, e por isso acredito que é preciso descer do pedestal e entrar em contato com a realidade desse público, que nós aqui do instituto Data Popular chamamos de Brasil de Verdade.

 

     Renato Meirelles, colunista do site de CartaCapital, é sócio-Diretor do Data Popular, que completou em 2011 dez anos em pesquisa e consultoria nas classes C, D e E. Comunicólogo com MBA em gestão de negócios pela ESPM, foi colaborador do livro Varejo para Baixa Renda, publicado pela Fundação Getúlio Vargas e autor do livro Um jeito fácil de levar a vida – O Guia para Enfrentar Situações Novas Sem Medo, publicado pela editora Saraiva. É colunista de diversas revistas e editor do site brasildeverdade.com

Comentários

Comente aqui este post!
Clique aqui!

 

Também recomendo

  •    O livro “Pai Rico, Pai Pobre”, de Robert Kiyosaki e Sharon Lechter, é um sucesso de vendas no mundo todo. Muitos o classificam como um livro de “auto-ajuda” e, embora eu mesmo considere desnecessários muitos dos ensinamentos...   (continua)


  •    Digamos que você queira diminuir seus gastos mensais, seja para estancar um desequilíbrio financeiro, seja simplesmente para aumentar a poupança em busca de um desejado objetivo de consumo.   (continua)


  •    Neste mês de maio de 2024, completam-se seis meses do improvável governo de Javier Milei à frente da Argentina, e figurou, inclusive, na capa da Revista Time. A última vez que um argentino estampou a revista foi em 2012, com o Messi, que ganharia a copa do mundo 10 anos depois.  (continua)


  •    Segundo especialista, brasileiros geralmente não entendem a diferença entre poupar e investir, o que é essencial para quem quer ter as finanças saudáveis. Você sabe qual é a diferença entre poupar e investir? Para o planejador financeiro certificado (CFP) Janser Rojo, da Soma Invest, o brasileiro usa esses dois conceitos como se fossem sinônimos, e com isso acaba cometendo grandes erros na sua vida financeira.   (continua)


  •    No mês de fevereiro deste ano, o Índice Nikkei, principal indicador da bolsa de valores de Tóquio, composto pelas maiores empresas japonesas, atingiu (e renovou), seu topo histórico, que havia sido formado em 1989. Sim, o Japão demorou 35 anos para voltar a atingir o nível recorde de...   (continua)


  •   A História acontece nas latitudes. Essa foi a máxima do geógrafo e geoestratégico norteamericano Nicholas J. Spykman (1893-1943), usada para concluir seu entendimento de que os movimentos e processos históricos da humanidade se deram nas regiões de clima temperado do planeta, delegando às outras regiões, especialmente aquelas localizadas na faixa central do globo, um papel secundário no protagonismo do mundo.  (continua)


  •    A concentração no setor bancário americano chegou a níveis extremos. Há hoje 33% mais grandes bancos do que em 2000. De acordo com a Federal Deposit Insurance Corporation, foram 182 fusões e 107 consolidações por ano de 2001 a 2011. O resultado é que os cerca de 37 bancos importantes que existiam em 1990 hoje se resumem a quatro grandes: ...   (continua)


  •    Enquanto todos ficam de olho na Europa, dados recentes mostram que economia chinesa continua desacelerando. As importações e exportações de produtos processados vem desacelerando bastante, em função da redução da atividade nas principais economias do globo. O consumo de energia desacelerou bastante, a exceção do setor de serviços. Tal consumo indica que PIB possa estar andando a 7 ou 6% aa.   (continua)


Copyright 2011-2024
Todos os direitos reservados

Até o momento,  1 visitas.
Desenvolvimento: Criação de Sites em Brasília